O DIA QUE O OMO VIROU HOMEM.
Naquelas tardes dorminhocas e
chuvosas do mês de Setembro, lá na minha terra que é Goiânia, quando só se ouve
os grilos cantando, me recordo agora, que em minha infância com meus oito anos
de idade, em uma tarde dessa que eu mencionei, minha mãe que estava acamada nem
sei o por quê, pois quando criança não se tem a preocupação de querer
compreender tudo.
Eu estava no quintal
observando os meninos brincando de jogar finca na terra vermelha e molhada, Quando
minha mãe chamou-me para lhe prestar um favor, chego ao quarto corrida que nem
o vento.-Maria esquente um copo de leite e o traga para mim. Eu saio correndo do mesmo jeito que entrei, com a pressa do beija-flor entre uma flor e outra. Fui à cozinha pondo um copo de vidro sobre a trempe com a chama já acesa, o copo explodiu rapidamente, mas não me preocupei, pois já prestava atenção nos gritos de meu irmão Douglas.
-O homem chegou! O homem
chegou!
Que homem é esse afinal, não me recordo nem o que fiz
sobre o leite, a pobre da minha mãe ficou lá aguardando. Saindo em disparada
pela porta da cozinha, e atalhando pelo quintal da nossa vizinha eu poderia chegar
lá onde meu irmão estava. Ventava muito nessa tarde, ao passar embaixo de um pé
de abacate, cai naquele momento uma ripa de madeira, que hoje eu jugo ter sido
deixado por algum apreciador do abacate. Isso mesmo, a ripa caiu sobre mim e eu
caí desmaiada no quintal alheio.Não tendo nenhuma testemunha para minha fuga, não tive nenhuma testemunha para meu desmaio, passando algum tempo que eu não sei precisar, só lembro-me que já havia escurecido. Levantei-me meio tonta e voltei murcha para dentro de casa. Não pude ver o “Homem” anunciado por meu irmão Douglas.
Naquele mesmo dia vim, a saber, que uma Kombi estava
parada em frente ao Empório Sertanejo com a propaganda da chegada do sabão Omo
no mercado Goiano.
Silvia Reis.